A Medicina Integrativa não é uma especialidade médica, mas uma prática que se propõe a atender o paciente levando em consideração o que está por trás dos sintomas que o trazem à consulta. É uma forma de promover o paciente a agente de sua própria saúde. O médico atua como parceiro ativo nesse processo, direcionando o paciente às mudanças necessárias ao processo de cura.
Nossa medicina atual vive um momento que tende a valorizar o intelectual e cientifico. Em que, para cada sintoma já se materializa um medicamento, pouco importando a origem ou significado pessoal da queixa que se apresenta. A mente racional acredita que somente o que é visto, sentido, tocado, conhecido e provado, existe. Acredito, entretanto, que o desafio do médico frente ao paciente seja o de dar o passo para o desconhecido, perceber aquilo que não foi dito.
Não passamos tantos anos estudando para nos transformarmos em tradutores do Google. Ainda não há tecnologia que possa juntar o que os nossos sentidos nos dizem quando estamos de frente a um paciente. Seja pela postura, pela fala, pelo olhar, pelos símbolos que suas palavras nos trazem ou pelas queixas. Minha experiência mostra que a queixa, ou sintoma, é apenas a ponta desse iceberg de emoções que afundaram no inconsciente, e que agora tenta vir à superfície através do corpo físico. Tratar exclusivamente a superfície certamente alivia a queixa, mas não resolve a causa. A cura está além da medicação.
E, fugindo um pouco da Medicina Baseada em Evidências, entramos num processo de evidenciar o invisível. E mostrar que ali há tanta realidade quanto naquilo que é visível, palpável e mensurável. E mais, antecede tudo isso. Descoberta a origem emocional ou até mesmo social do sintoma, podemos partir para o tratamento, através de técnicas convencionais ou não.
O que torna esse processo especialmente rico é a sensação de que passamos a compreender melhor o caminho percorrido até chegar à queixa que traz o paciente à consulta.
Somos diferentes em nossa s impressões digitais, em nossas assinaturas, em nossa forma única e exclusiva de ver a vida. Porque não somos únicos também em nossas dores ou sintomas? É essa sensação de individualidade que nos diferencia dos demais. Nada mais justo que sejamos vistos assim também pela medicina.
Autora: Dra Renata Berrettini de Abreu
Centro Médico Berrini
Clínica Médica - Zona Sul de São Paulo