No final de 2019, um novo coronavírus (SARS-Cov-2) foi identificado como causa de um conjunto de casos de pneumonia na China. Em 2020, levou a uma pandemia que se espalhou na maioria dos países do mundo e que permanece ameaçando nosso cotidiano.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, a doença por SARS-Cov-2 (COVID-19) acometeu mais de 34milhões de pessoas e já é responsável por mais de 688.000 mortes desde o início da pandemia. Recentemente, a nova variante do SARS-Cov-2 a Omicron Bq1 tem sido apontada como a vilã do aumento do número de casos, dada sua alta transmissibilidade.
Como assistimos nestes últimos anos, a COVID-19 pode ser assintomática, ou como na maioria doa casos, se manifestar como tosse, congestão nasal, espirros, mialgia, cefaléia, dor de garganta e anormalidades no olfato e paladar. A pneumonia é a manifestação grave mais frequente, caracterizada principalmente por febre, tosse, dispneia e infiltrados bilaterais na imagem do tórax, que pode evoluir com insuficiência respiratória aguda e morte.
Outras complicações da COVID-19 têm sido descritas, como: cardíacas, tromboembólicas, inflamatórias e renais. A doença renal em pacientes com Covid-19 está relacionada a uma maior mortalidade e pode se manifestar como lesão renal aguda (LRA), hematúria ou proteinúria.
A incidência de LRA na COVID-19 varia conforme a gravidade do caso, chegando a acometer quase 40% dos pacientes que necessitam hospitalização. Ainda não está clara a fisiopatologia da doença renal na COVID-19, mas vários fatores têm sido apontados como preditores, são eles: idade avançada, raça negra, sexo masculino, obesidade, diabetes, hipertensão arterial, doença cardiovascular, doença renal crônica e necessidade de ventilação mecânica.
Na maioria dos pacientes com COVID-19 leve, a LRA parece ser auto-resolutiva. Mas idealmente, todos pacientes que apresentaram lesão renal durante a doença aguda por SARS-Cov-2 devem procurar acompanhamento médico ambulatorial no pós- COVID agudo ou após alta hospitalar para avaliar a recuperação do órgão.
Embora existam dados limitados sobre tendências temporais, na incidência de LRA associada ao COVID-19. Dados iniciais sugerem que as taxas de LRA diminuíram ao longo da duração da pandemia, embora a razão para essas tendências não seja clara.
Sem dúvida, o meio mais eficaz para prevenir condições pós-COVID, também é prevenir o COVID-19 através de medidas, como : vacinação, uso de máscara, distanciamento social e higiene das mãos.
Vários estudos relatam casos menos graves e taxas mais baixas de sintomas pós-COVID-19 em pacientes vacinados. Um estudo de caso-controle descobriu que tanto a intensidade dos sintomas na primeira semana da doença quanto os sintomas persistentes, definidos como sintomas em 28 dias ou mais, foram significativamente menos comuns entre aqueles que desenvolveram infecção por SARS-CoV-2 pós-vacinação em comparação com casos não vacinados.
Entretanto, este efeito parece ser diretamente proporcional ao número de vacinas administradas. Em um novo estudo de coorte observacional, foram avaliados pacientes com COVID-19 leve, e mostrou que a vacinação contra COVID-19 foi associada a uma diminuição da prevalência de sequelas pós-agudas da infecção por SARS-CoV-2, de modo dose-dependente. Onde daqueles que tomaram 03doses, apenas 16% evoluíram com sequelas, enquanto aqueles que receberam apenas uma dose ou não foram vacinados, 30% e 42% respectivamente, apresentaram sequelas relacionadas a COVID-19.
Ainda são necessários mais estudos para avaliar o impacto a longo prazo da relação entre COVID-19 e o rim. Mas, os indícios mostram que nos casos de COVID-19 que cursaram com LRA, o novo coronavírus foi capaz de afetar permanentemente a função renal, levando a doença renal crônica.
A prevenção é o caminho mais seguro. Cuide-se !!
Dra. Luciana Cristina Pereira da Silva
Médica Nefrologista - Centro Médico Berrini