O ombro é a articulação humana que pode se movimentar em mais posições pois tem a maior amplitude de movimentos, por isso é a que mais se desloca. O deslocamento do ombro é comum em homens e mulheres e mais frequente no lado que a pessoa usa mais.
O fenômeno pode manifestar-se em qualquer fase da vida; é mais comum, porém, nas três primeiras décadas, quando os ligamentos são mais elásticos e as pessoas se arriscam mais. Jovens com menos de 20 anos que tenham deslocamento de um ombro por trauma, revelam as estatísticas, apresentam 95% a 100% de risco de ter o problema de novo -- pelos seus hábitos/atividades e pela elasticidade dos ligamentos de seus ombros. Conforme as pessoas amadurecem, o número de casos diminui, pelo fato de se arriscarem menos e porque os ligamentos e os músculos de seus ombros vão se tornando mais rígidos.
O ombro pode deslocar-se para baixo, para trás ou para a frente; em 95% dos casos, contudo, se desloca para a frente. As causas do fenômeno dividem-se em traumáticas, atraumáticas ou adquiridas. Os deslocamentos traumáticos são mais comuns na população masculina e devem-se sobretudo ao exagero na prática de atividades esportivas e a acidentes. Em geral ocorrem apenas em um ombro. Os atraumáticos, por sua vez, são mais frequentes na população feminina e resultam da frouxidão nos ligamentos dos ombros herdada geneticamente. Nessa situação, em geral ocorre ao mesmo tempo nos dois ombros. Quando uma mulher apresenta o problema, se se pesquisar pode-se descobrir outros casos em sua família. Adquiridos, finalmente, são aqueles casos em que a pessoa tinha o ombro normal e de tanto rodar o braço na natação, por exemplo, os ligamentos de seu ombro foram ficando “frouxos” e pode vir a deslocar.
Os deslocamentos do ombro se caracterizam pela saída da cabeça do úmero (osso do braço) da escápula (local onde se encaixava). Com isso, ocorre lesão ou até rompimento das estruturas existentes na área, como ligamentos e músculos, podendo comprimir ou romper também nervos. Os sintomas de um deslocamento repentino são: dor muito intensa, formigamento ou dormência no braço, deformidade local visível e limitação dos movimentos. O paciente não consegue movimentar o braço e em geral chega ao pronto-socorro sustentando-o com a outra mão. Não se deve, nesta situação, tentar colocar o ombro da pessoa no lugar, porque às vezes há também fraturas e se pode agravá-las. Só o médico pode fazê-lo após uma radiografia.
Pessoas que suspeitem que um de seus ombros tenha se deslocado devem consultar um ortopedista, fazer o diagnóstico e se tratar. Isso é fundamental, porque deslocamentos não tratados podem levar à seqüelas irreversíveis, com limitações dos movimentos, e até favorecer necroses e formação de artrose no futuro. Quando o deslocamento ocorreu pela primeira vez, a providência inicial do médico é fazer uma radiografia para saber se houve também fratura. Constatando que se trata apenas de um deslocamento do ombro para a frente, por manobras consegue-se coloca-lo de volta no lugar. O paciente toma analgésicos e anti-inflamatórios, para controlar a dor e diminuir o inchaço, e usa tipóia por três semanas, para proteger o ombro e permitir que os tecidos cicatrizem. Passado esse tempo, inicia a fisioterapia para recuperar os movimentos do ombro.
Recorre-se à cirurgia nestas situações: a) se o paciente desloca o ombro outras vezes; b) nas situações em que, feito o tratamento, o paciente continua com dor ao movimentar o ombro; c) se se sente inseguro, com medo de que seu ombro se desloque de novo; d) pacientes com atividades de risco, como para-quedistas e atletas; e e) jovens com menos de 20 anos, pelo alto risco de novos deslocamentos. A cirurgia consiste em reparar e colocar no lugar o que foi danificado reduzindo-se, assim, o risco de novos deslocamentos. Hoje é feita sobretudo com artroscopia, técnica em que o ato cirúrgico é realizado a partir de três ou quatro pequenos furos.
por Fabiano Rebouças Ribeiro*
Autor: Dr.Fabiano Rebouças
Publicação: Revista CARAS
Centro Médico Berrini
Clínica Médica - Zona Sul de São Paulo